Artistas-Curadoras na 33a Bienal de São Paulo [série] - 4 de 4
No último post da série sobre as artistas-curadoras convidadas pelo curador da 33a Bienal de São Paulo, Gabriel Perez Barreto, falaremos sobre a artista Wura-Natasha Ogunji e sua proposta para a mostra "Afinidades Afetivas".
Wura-Natasha Ogunji (África do Sul, 1984) vive entre Austin (EUA) e Lagos (Nigéria). Seu trabalho transita entre desenhos, vídeos e performances. Seus desenhos feitos em grafite, tinta e bordados à mão sobre papel vegetal são inspirados nas interações cotidianas que ocorrem na cidade de Lagos, das mais íntimas às mais extraordinárias. Já suas performances, exploram a presença feminina no espaço público e tratam de questões como trabalho, lazer, liberdade e banalidades.
Em The Kissing Mask, performance de 2016, a artista tem como ponto de partida a questão “Who are you kissing when you kiss a mask?”[Quem você está beijando quando beija uma máscara?]. A máscara é usada para interromper as expectativas do espectador, uma ruptura nos modos de interação que conhecemos e nos são familiares. Parafraseando a artista, a máscara oferece experiências separadas, de outro mundo, não legitimadas, que abrem um espaço dentro das formas usuais de interação.
Com o título sempre, nunca a proposta de Ogunji para a Bienal apresenta um diferencial: é composta somente por obras comissionadas especialmente para a mostra, feitas apenas por artistas mulheres que criarão trabalhos através de um processo curatorial colaborativo e horizontal. As artistas convidadas são: Lhola Amira (África do Sul, 1984), Mame-Diarra Niang (França, 1982), Nicole Vlado (EUA, 1980), ruby onyinyechi amanze (Nigéria, 1982) e Youmna Chlala (Líbano, 1974), que segundo Ogunji, têm uma produção que, assim como em seu trabalho, “concilia aspectos íntimos (como corpo, memória e gesto) a épicos (arquitetura, história, nação)”.