"Diluição do eu", com curadoria de Caroline Ricca Lee, reúne obras em diversas disciplinas artísticas com o intuito de gerar reflexões sobre ficção, memória, identidade e subjetividade. Destacam-se a pintura, a escultura, a foto performance e a arte sonora, mas principalmente, a transdisciplinaridade de cada artista, na qual convergem diferentes repertórios e narrativas catalisando possibilidades para produção de imaginários e poéticas sobre um eu dissoluto, mas continuamente presente.
Quando o esquecimento é forma de manutenção da invisibilidade, como comprovar a veracidade da experiência na travessia do tempo? Ou mesmo materializar vivências suspensas nas tessituras da memória e em constante fluxo?
Materializar uma ideia de si é um ato de rebeldia contra a estagnação da ausência. Não apenas relatamos a existência, mas atestamos sua veracidade; na qual, ainda composta por abismos, falhas e ruídos, relata uma imensidão repleta de possibilidades.
Cada artista navega a sua obra através do corpo ou de memórias como veículos de produção: seja na compreensão de si, seja na criação dos trabalhos. Neste cenário, a proposta curatorial nega uma neutralidade do discurso, quando assume as intersecções constantes das discussões sobre identidade e relações raciais, decolonialidade, dissidências sexuais e de gênero.
Todavia, a articulação dessa constelação complexa visa provocar tensionamentos nos quais sejamos guiados ao entendimento de quanto os indivíduos transbordam as categorias postas através de sua própria vastidão. E assim, na busca pela retomada de nossas humanidades, lembremos: para além do trauma e dor, habita em nosso direito de existência a possibilidade de sonho, autonomia e fruição.
Patricia Baik é artista visual, coreano-brasileira. Mora e produz em São Paulo e trabalha com instalação, pintura, desenho e publicações independentes. Tem interesse em investigar o trânsito de identidade transcultural, lar e dispersão por meio da auto-ficção. Utiliza do mesmo vocabulário da ficção científica para pensar passagem de tempo e deslocamento. Faz parte do Coletivo Mitchossó e GEMA2.
“A partir de um sonho lúdico, em uma manifestação de presságio ouvi os sons que em um dia irão me matar e desde essa trágica memória venho promovendo estudos imperfeitos para tentar replicar aquilo que sonhei, mas com base nessas variações é perceptível como a memória é falha, incerta e promove múltiplos sentido para a primeira experiência e é nesse enredo que quero vincular e contextualizar as obras dessa série. não é apenas sobre a replicar esse intangível sonho, mas promover a primeira experiência e forçar que essa memória não caia no esquecimento." – Charlie Noir
Tao Bruni tem como principal tutora a terra brasileira que ensinou seu corpo, desde a infância, a desaparecer e silenciar. Entre as frestas do subemprego, submoradias, sub-afetos e outros sucateamentos, constitui seu fazer artístico apoiando-se no conceito de produção transmídia. Através da fotografia, do vídeo, da pintura, do desenho, da dança, da performance e da confecção de máscaras, objetiva desatrofiar a existência e abdicar as máscaras sociais dos estereótipos que o imaginário coletivo e as instituições impõe sob corpos negligenciados.
Babi Mello (elu/ele) é artista transdisciplinar e diretor de arte. Transita entre escultura, performance, vídeo, pintura e escrita, criando universos e etimologias próprias que refletem sobre sexualidade, identidades de gênero, memória e autoimagem, utilizando seu próprio corpo como parâmetro, sendo ele território de investigação, principal mídia, e tema. Atualmente, se concentra sobre as ações do tempo em seu corpo transicionante e nos materiais de suas esculturas, feitas de argila, cerâmica e gelo, considerando a dualidade entre matéria física e virtual.
“CYSHIMI”, nome artístico formado pela junção entre as palavras ‘Cyber’ e ‘Sashimi’. Artiste Transdisciplinar, Brasileire de ascendência Chinesa e Taiwanesa. Sua pesquisa é baseada no ambiente cibernético em que vive e permeiam questões de ancestralidade decolonial, identidade, beleza e corpo. A partir disso, investiga sentimentos, relações e traumas por meio da ficcionalidade e do íntimo. Sua produção se dá através de arte digital, performance, esculturas, unhas e mais.