Leituras Compartilhadas – Amanda Carneiro

Iniciamos hoje aqui no blog uma nova série de posts, as Leituras Compartilhadas, na qual iremos convidar artistas e curadoras a compartilharem conosco suas indicações de leituras, relacionadas (ou não) ao universo da arte.

Aqui na Piscina, consideramos as trocas e conexões com outras profissionais e artistas, a nossa principal fonte de conhecimento e aprendizado. A cada conversa, entrevista ou email trocado, aprendemos muito. E esperamos que, ao passar adiante essas informações, esse aprendizado possa se estender a outras pessoas.

Temos o prazer de começar esta série com as indicações da curadora Amanda Carneiro, que prontamente aceitou nosso convite e dividiu conosco seus comentários sobre as leituras indicadas. Amanda é graduada em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo, onde também completou o mestrado em História Social. Trabalhou como educadora e Auxiliar de Coordenação do Núcleo de Educação no Museu Afro Brasil e foi gestora de conteúdo e formadora no ÍRÈTÍ - Formação em Cultura Negra para Educadores. Atualmente Amanda é curadora assistente de mediação e programas públicos no Museu de Arte de São Paulo (MASP), onde realizou a curadoria da mostra Sonia Gomes: Ainda assim me levanto (2018).

Amanda Carneiro durante o Seminário Arte e Descolonização, que aconteceu nos dias 15 e 16 de outubro, 2019 no Museu de Arte de São Paulo – MASP. Saiba mais clicando aqui.

Amanda Carneiro durante o Seminário Arte e Descolonização, que aconteceu nos dias 15 e 16 de outubro, 2019 no Museu de Arte de São Paulo – MASP. Saiba mais clicando aqui.

Abaixo, Amanda compartilha suas indicações de leitura, sendo duas delas, antologias organizados pela própria curadora ao lado de André Mesquita e Adriano Pedrosa, e que acompanharam exposições homônimas no MASP.

 
Para muitas intelectuais, artistas, críticas e curadoras, reexaminar a arte a partir de perspectivas feministas significava, como apontado pela historiadora Joan Scott “não somente que as mulheres poderiam ser acomodadas nas histórias estabelecidas, mas que tal presença era requerida para corrigir a história”. Aprendi muito com os textos desta antologia porque indicam tanto como conceitos e qualificações serviram para deslegitimar a produção das mulheres quanto estratégias de combate às discriminações em torno de gênero nos espaços de arte. 
 
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Eu recomendo muito os textos reunidos nesta antologia porque versam sobre uma noção afro-atlântica e interconectam dinâmicas sociais e culturas em movimento, evidenciando novos protagonismos, subjetividades e formas de luta. Penso ser muito rico para, desde o ponto de vista do Brasil, compreender os desdobramentos de processos similares ocorridos em outros lugares do mundo. 
 
 
Neste livro, bell hooks, uma intelectual que admiro profundamente, produz uma crítica consistente sobre modos de representação e regimes de visibilidade em torno de raça e gênero, considerando tanto as armadilhas quanto o potencial transformador que cabe nas discussões sobre estética. Em um período em que as redes sociais são vetores de exibição desenfreada das imagens, parece pertinente entender quais questões estão em jogo quando abordamos o fenômeno considerando questões raciais.