Nunca foi sorte – curadoria de Ludimilla Fonseca na Central Galeria
Fomos visitar Nunca foi sorte assim que a mostra abriu na galeria Central, no final de maio deste ano. Fomos inicialmente ver trabalhos de artistas as quais já conhecíamos: Ana Hortides, que participou da nossa primeiríssima exposição, em 2017, e Marta Neves, que integrou a primeira edição do Piscina Paralela, em abril deste ano. Além destas duas artistas, a curadoria de Ludimilla Fonseca, reuniu um conjunto de obras muito coeso, de artistas como: Allan Pinheiro, Fábio Menino, Gabriella Marinho, Gustavo Speridião, Janaína Vieira e Leandra Espirito Santo.
Segundo a curadora, “Todas as obras apresentadas se configuram a partir de questões e formas do aqui-agora, e a maioria delas é inédita. Assim, mais do que um efeito de conjunto, a reunião destes trabalhos produz uma imagem de coletividade. Indagando sobre origem e classe social, trabalho e consumo, casa e corpo, estas/estes artistas assumem a confusão entre artes visuais, comunicação social e cultura material no neoliberalismo.”
Como é da essência da nossa plataforma, iremos destacar aqui os trabalhos das mulheres artistas que integram a mostra, pontuando-os com as notações que a própria curadora escreveu no texto que acompanha a exposição.
Já ao descer as escadas em direção ao subsolo do prédio do IAB, onde está instalada a galeria, nos deparamos com um exemplar das já conhecidas faixas de Marta Neves, da série Não-ideia, na qual a artista produz banners com escritos à mão em tom bem humorado e, muitas vezes ácido, sobre narrativas de desejos de mudança não viabilizados por seus protagonistas, incluindo, vez ou outra, comentários a respeito da lógica do sistema de arte.
Marta Neves apresenta também na exposição trabalhos inéditos em que faz uso de lantejoulas e bordado com miçangas, com representações da bandeira nacional e signos populares em que discute temáticas atuais.
As obras Saudosa Maloca (2022) e Construção (2021-2022), de Janaína Vieira, artista que iniciou sua carreira artística com colagens, apresenta, pela primeira vez, assemblages nas quais a artista – fazendo uso de bloquinhos de madeira, soldadinhos de plástico e outros elementos do universo infantil em contraposição a elementos como uma carteira de trabalho e um cartão de crédito, que são a "base” dessa estrutura –, remete ao cotidiano nas periferias.
Dentro do contexto urbano, porém a partir de outra perspectiva, Ana Hortides investiga memórias em torno dos conceitos de casa e da potência presente no ambiente doméstico e íntimo. Os trabalhos presentes na mostra são Caquinhos (capacho), de 2022 e Caquinhos, 2021, ambos da série Casa 15, na qual a artista reproduz manualmente em esculturas o piso de caquinhos que esteve muito presente nas casas brasileiras a partir da década de 50 e compõem imaginário doméstico da época.
A primeira vez que vimos as esculturas de Gabriella Marinho foi na exposição Vazar o Invisível, com curadoria de Camilla Rocha Campos, no Studio Om.art, no Rio de Janeiro, na qual a artista apresentou Barro e Cerâmica (2021). Assim, não demorou para que pudéssemos reconhecer as cerâmicas da artista assim que adentramos o espaço da exposição.
Fazendo uso de diversos meios e linguagens, Leandra Espirito Santo investiga a relação entre o corpo, comportamento e identidade, e a relação desses com os usos que fazemos das tecnologias. Na série de trabalhos que integram a exposição, a artista explora a relação entre corpo e virtualidade através de símbolos e emojis usados cotidianamente como meio de expressão no meio virtual nas redes sociais.
Acesse o site da Central para saber mais.